Discutir hematologia em 2024, significa discutir a revolução que  tratamento de leucemia linfocítica crônica apresentou na última década. Antes das inovações as possibilidades consistiam em quimioimunoterapia para os pacientes resistentes o suficiente para suportar os efeitos colaterais de um tratamento de alta intensidade, e ainda com resultados duvidosos, enquanto que  para os pacientes frágeis a opção era o Clorambucil, droga que já está no mercado desde 1957, não tem qualquer impacto em mortalidade da doença, tem um controle variável nos sintomas, e por vezes acaba por trazer efeitos colaterais piores do que a própria doença.

Hoje contamos com opções que efetivamente têm impacto de mortalidade, impacto na qualidade de vida, e em alguns capazes até mesmo de alcançar a doença residual mínima negativa. No cenário brasileiro as duas principais opções são o Venetoclax (inibidor de BCL-2) em associação com anticorpo monoclonal anti cd-20 (Obinutuzumabe ou Rituximabe), ou os inibidores de Tirosina Quinase de Bruton (iBTK).  Para definir a melhor estratégia para cada paciente é necessário conhecer a biologia da doença, principalmente o status do IGHV e Del17p/TP53, idade cronológica/fisiológica, comorbidades, uso de medicações concomitantes, preferência, assim como a possibilidade de acesso.

A condição clínica, e preferência do paciente são alicerces da decisão terapêutica, para ilustrar essa questão, a combinação de Venetoclax com o anti cd-20, associa uma droga  endovenosa com medicação via oral,  em um protocolo que exige com que o paciente se mantenha próximo ao centro oncológico responsável pelo tratamento. É necessário seguir o cronograma de administração da droga, e também é necessário a monitorização de complicações como a síndrome de lise tumoral. Entretanto esse esquema é finito, o que quer dizer que tem prazo para acabar, a expectativa de não ter que tomar uma medicação para o resto da vida, com a liberdade que essa escolha traz, é a opção de muitas pessoas.

O uso dos iBTK compreende apenas terapia por via oral, o que costuma encantar pela facilidade, porém a facilidade na administração nem sempre se correlaciona com facilidade de manejo dos efeitos colaterais, bem como interações medicamentosas. Toda a classe tem o potencial de causar alterações cardíacas, portanto o uso de iBTK em pacientes com doença cardíaca prévia deve ser avaliado com muita cautela. A preferência pelos iBTK significa optar por uma terapia contínua, o que significa que será utilizada enquanto houver resposta satisfatória

Mesmo com a expressiva probabilidade da primeira linha terapêutica obter sucesso por vários anos, sabemos que por a LLC se tratar de uma neoplasia incurável, boa parte dos casos irão necessitar de alguma estratégia de segunda linha – ou seja, os pacientes irão precisar de retratamento. Para a decisão da segunda linha é primordial diferenciar os pacientes que receberam terapia contínua dos pacientes que receberam terapia finita. No grupo da terapia finita, que consiste em Venetoclax em associação ao anticorpo monoclonal anti-CD20, precisamos avaliar o tempo de remissão alcançado, além dos efeitos colaterais apresentados, sendo possível repetir o mesmo esquema.

Essa foi apenas um início das discussões sobre o tratamento de LLC que esperamos ter aqui no site, em caso de dúvidas, entre em contato através do direct na nossa página do Instagram.